é outro ano
novo
e tão velho quanto as
baratas de um sarcófago
outra vez
pedes
aquela
estrela outra vez
teu presépio de papel
envelhece na palha seca
mais um menino
brilha num berço amarelo
e acorda os olhos
para outros dias que
inevitavelmente
terminarão em outra cruz
taças tilintam
e bolhas luminosas
elevam sonhos aéreos
as janelas
abertas em par
asas sem anjos
cumprimentam a noite
que
vai
a última
afundando-se em clarões
e faíscas de arco-íris
um sino ancião
anuncia missas
tuas duas:
uma encomendação
e um batismo
pisa tua lápide
ergue teu cálice
e bebe o ano.