segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

OUTRO ANO OUTRO

é outro ano
novo
e tão velho quanto as
baratas de um sarcófago

outra vez
pedes
                aquela estrela outra vez
teu presépio de papel
envelhece na palha seca
mais um menino
brilha num berço amarelo
e acorda os olhos
para outros dias que
inevitavelmente
terminarão em outra cruz

taças tilintam
e bolhas luminosas
elevam sonhos aéreos
as janelas
abertas em par
asas sem anjos
cumprimentam a noite
                                               que vai
a última
afundando-se em clarões
e faíscas de arco-íris

um sino ancião
anuncia missas
tuas duas:
uma encomendação
e um batismo

pisa tua lápide
ergue teu cálice


e bebe o ano.

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