E, falando em cinema, vida de estudante
é a Anatomia de Grey: quando a gente
acha que a personagem encontrou a felicidade e a série, finalmente, vai
terminar, vem mais uma temporada de sofrência.
Nem terminamos de argumentar que surdo
é problema de pedagogo e já temos outro perrengue com que nos preocupar: depois
de entrar na faculdade, como sair dela?
Tudo seria mais fácil, se a
universidade fosse em Hollywood. E muitos de nossos alunos acham que é. As únicas
referências que levam para a vida escolar vêm de American pie e A casa das
coelhinhas e só conhecem o adjetivo “universitário” porque, no Brasil, ele
acompanha o substantivo “sertanejo”. Por isso, passam quatro ou cinco anos em
cachaçada de calouro e o resto da vida na ressaca, reclamando que “a faculdade
não ensinou nada”. Como não? Já viu um formando de faculdade brasileira
desconhecer a receita de uma boa porradinha? E não se veste uma beca nem se faz
juramento, sem mostrar excelência num macarrão com salsicha. Ah, isso não!
Se a vida fosse um churrasco, nossos
graduados ensinariam ao mundo como bem usar isso a que chamam razão humana. Pois
aprendemos bem a lição: se os norte-americanos nos souberam vender seu way of life, foi na propaganda de uma
universidade. Tanto, que nos esforçamos para fazer dos nossos campi um acampamento de férias.
Universidade de cinema nunca tem aula. Mesmo
porque não tem sala de aula. Só tem
corredores, refeitórios e irmandades. Aluno de universidade hollywoodiana só se
ocupa em duas atividades: ou está garimpando sexo ou vomitando o excesso de natu nobilis. Na universidade de cinema,
sempre é fim de semana ou hora do recreio. E os brasileiros que aprendem
cultura universitária nas matinês pensam que Stanford e Columbia são Hogwarts e
High School Music. E pensam que ler duas letras gregas no nome de uma irmandade
já faz merecer um PhD em Homero.
Apenas desconfio que esse way of life só pegou no Brasil. Vamos
lá: alguém consegue, seriamente, imaginar um estudante da Princeton University
preenchendo sua matriz curricular com atividades semanais de coleta em semáforo
para financiar cerveja na faixa?
Pode ser. Mas também pode ser que,
enquanto a gente mata alguns milhares de neurônios em outra calourada (que faculdade
brasileira recebe calouro todo fim de semana), um economista em Harvard descobre
uma nova fórmula para dobrar os lucros no mercado de entretenimento.
Na dúvida, minha recomendação continua
sendo: se o camarada procura, na universidade, só um lugar para encher o caneco
e azarar patricinha, ingresso de feijoada da Anitta sai mais barato.
E a ressaca dura menos.
Ufa! Ainda bem que na "capital secreta do mundo" não tem graduandos assim!
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